Iniciativa Chinesa, “Maior Programa de Infraestrutura do Mundo” Mira Brasil

NOTÍCIA – A adesão brasileira à Nova Rota da Seda ainda é um ponto de interrogação nas relações Brasil-China. A iniciativa firmada pelo presidente chinês Xi Jinping em 2013 oferece investimentos e acordos bilaterais a mais de 140 nações ao redor do mundo – incluindo 19 da América Latina e Caribe. Contudo, não entrou na agenda das relações sino-brasileiras. O Banco Mundial já classificou a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês) como o maior programa de infraestrutura do mundo. Desde 2013, bancos e empresas chinesas financiaram US$ 40 trilhões em usinas de energia, ferrovias, rodovias e portos. Do lado brasileiro, nenhum governo desde Dilma Rousseff sinalizou interesse em aderir à iniciativa. Em 2017, no primeiro encontro da BRI realizado pela China, o Brasil foi representado pelo embaixador Marcos Caramuru e pelo então secretário especial de Michel Temer, Hussein Kalout. Na segunda edição do encontro, em 2019, nenhum brasileiro foi ao fórum. Enquanto isso, a China já afirmou interesse na adesão brasileira. Em seminário do Núcleo de Estudos Brasil-China da FGV Direito Rio, em 18 de outubro de 2021, o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, disse que o país tem “todos os motivos” para estar à frente da iniciativa. No encontro, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), saudou a iniciativa e colocou a cidade à disposição para ser a “capital da Nova Rota da Seda” na América Latina. Mesmo fora da iniciativa, o Brasil tem a China como o principal parceiro comercial há pelo menos 12 anos. Fonte: Poder360.
COMENTÁRIO – Pequim prioriza a iniciativa em sua política externa e criou linhas de financiamento exclusivas para países parceiros, como o Fundo da Rota da Seda. “É um projeto estratégico para a China. Isso não deve significar que devemos rejeitá-lo, mas sim identificar aquilo que converge com a estratégia de desenvolvimento do Brasil. É um projeto de integração que tem como coluna vertebral o investimento em infraestrutura, mas isso não significa que a China criará um grande bloco comercial”, diz Evandro Menezes de Carvalho, doutor em Direito Internacional e coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da FGV Direito Rio. Por sua vez, “muitos argumentam que não deixamos de participar de alguma forma, porque temos muitos investimentos chineses”, disse a presidente da Coordenação Estadual das Relações Brasil-China da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), Camila Mendes Vianna Cardoso. De qualquer forma, é possível que a articulação internacional impulsionada pela China ganhe espaço e peso simbólico nos próximos anos – em especial pela desarticulação do Mercosul. “Para Pequim, é muito mais fácil privilegiar as relações bilaterais”, disse Aline Tedeschi da Cunha, doutora em Ciências Sociais pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e coordenadora da Observa China. Fonte: Idem.