NOTÍCIA - O governo do Brasil, comandado pelo presidente Jair Bolsonaro, já admite, reservadamente, um recuo na tendência de banimento à Huawei na construção da infraestrutura de telefonia 5G no país. A guinada na sinalização brasileira é uma consequência da vitória do democrata Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos - se não houver gestos concretos de interesse norte-americano numa aproximação com o Brasil, comenta-se nos bastidores que compromissos com a gestão de Donald Trump terminarão junto com o mandato do republicano. Ainda assim, em novembro, o governo Bolsonaro manifestou apoio à Clean Network, que se apresenta como uma iniciativa do Departamento de Estado dos Estados Unidos contra o risco de "intromissões agressivas por atores malignos, como o Partido Comunista Chinês". Fonte: Valor Econômico.

COMENTÁRIO - A participação brasileira na Clean Network, que, na prática, tem como objetivo principal privilegiar os interesses estadunidenses e banir tecnologias chinesas do mercado, é mais um equívoco do alinhamento automático aos Estados Unidos de Donald Trump. Com a vitória de Joe Biden, os custos político-econômicos sobem ainda mais para o Brasil, não só pela expectativa de um maior distanciamento do governo democrata de Jair Bolsonaro, mas também pela possível deterioração na relação sino-brasileira, tendo em vista os variados sinais negativos que a gestão Bolsonaro envia para seu principal parceiro comercial. O setor do agronegócio mostra-se preocupado, e as companhias de telecomunicação, que veem a Huawei como uma fornecedora líder, mais barata e capaz de suprir as necessidades tecnológicas no país, mostram-se insatisfeitas com a postura do governo brasileiro e dispostas até mesmo a levar a questão para o litígio judicial. Quanto à questão da segurança, vale lembrar que o maior e mais recente escândalo de espionagem eletrônica não veio da China, mas dos Estados Unidos e de sua Agência Nacional de Segurança (NSA).