Embaixador do Peru na China: "Nosso acordo de livre comércio está obsoleto"

NOTÍCIA – Apesar da instabilidade política do Peru, o país ainda é um dos principais aliados da China na América Latina e o segundo maior destino de investimentos chineses na região, atrás apenas do Brasil. O comércio bilateral entre as duas nações ultrapassou os 37 bilhões de dólares em 2021, com um crescimento de 60% em comparação a 2020, e o Peru é um dos três países latino-americanos – ao lado de Chile e Costa Rica – que possuem tratados de livre-comércio com a China. Fonte: Diálogo Chino.

 

COMENTÁRIO – Segundo Luis Quesada, embaixador do Peru na China desde 2018, a Covid-19 atrapalhou alguns projetos, mas "as obras do porto de Chancay foram concluídas durante a pandemia — um sinal claro de que somos vistos como um centro comercial — assim como a aquisição da Luz del Sur, maior empresa de distribuição de eletricidade do Peru, pela China Three Gorges Corporation. O Peru deve continuar a atrair investimentos chineses." No que concerne a uma possível renegociação do tratado de livre comércio entre China e Peru, ele considera que "temos esse acordo de livre comércio há 12 anos, e ele nos deu enorme acesso a produtos. No entanto, o comércio no mundo evoluiu dramaticamente, criando novos padrões de comércio. Portanto, o TLC está se tornando obsoleto. Temos que reformulá-lo. Antes da pandemia, ele funcionava muito bem. [...] Sem entrar em detalhes, queremos modernizar o TLC com elementos de e-commerce, política de concorrência, propriedade intelectual, regras de origem e procedimentos aduaneiros, entre outros aspectos que precisam ser aperfeiçoados à medida que as reuniões avancem." Finalmente, sobre a Iniciativa Cinturão e Rota, disse que "a China menciona muito essa iniciativa. Nós assinamos um memorando de entendimento, que tem tido uma coordenação conjunta de diversos ministérios. Esse memorando reflete nossa disposição de trabalhar com a China e salvaguarda nossos interesses. [A assinatura] foi um gesto de boa vontade do Peru para com o governo chinês — para dizer-lhes que são bem-vindos, que devem investir em infraestrutura, que deve haver maior cooperação. Trata-se de um instrumento válido. O porto de Chancay é um projeto que se enquadra nesse esquema de cooperação." Fonte: Idem.