Crescente Presença Chinesa na Amazônia é Retrato de Região mais Integrada à Economia Global

NOTÍCIA – Por que a floresta é importante para a China? Basicamente, por seus recursos naturais e agricultáveis, mas também por seu papel essencial no estoque de carbono e no controle ao aquecimento global. Esses fatores são relevantes pela crescente influência chinesa no século XXI. A presença chinesa na Amazônia começou por meio do comércio, pela compra de commodities produzidas na região, aprofundou-se com o investimento em grandes projetos de infraestrutura e avança com a elaboração de normas globais sobre o controle das mudanças climáticas e o rastreamento de cadeias produtivas para combater o desmatamento ilegal. Fonte: Diálogo Chino.

 

COMENTÁRIO – Para Maurício Santoro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os principais investimentos da China na região são em geração e transmissão de energia elétrica. Grandes estatais como State Grid e China Three Gorges investiram em hidrelétricas nas bacias do Tapajós e Xingu, por vezes em projetos gigantescos, como a linha de transmissão de 2.500 quilômetros que conecta a usina de Belo Monte à região Sudeste. Além das usinas, investimentos também vieram da China para outras obras de infraestrutura, como ferrovias. Em geral são iniciativas dedicadas a facilitar e baratear a exportação de commodities para a Ásia, ligando minas, plantações de soja e pastagens a portos fluviais. É o caso da Ferrovia Paraense, que conecta Marabá e Barcarena, às margens do rio Tocantins, e do projeto da Ferrogrão, planejado para ir de Sinop, no Mato Grosso, a Miritituba, no Pará. A diplomacia chinesa para a Amazônia tem destacado a necessidade de enfrentar o desmatamento, maior fonte de emissões de carbono pelo Brasil. A China faz isso por meio da ação de suas grandes estatais na região, como a trading Cofco, uma das principais compradoras do agronegócio brasileiro. A empresa firmou um acordo com o Banco Mundial para garantir que a soja que adquire no Cerrado, outra fronteira agrícola, não seja fruto da destruição ilegal. Segundo Santoro, são tendências semelhantes às de muitas companhias ocidentais, que desde a década de 2000 têm apoiado iniciativas como moratórias de desmatamento para soja e carne, em parcerias com organizações como o Greenpeace e com o Ministério Público Federal. A principal dificuldade para todos os atores são os sistemas de rastreio das cadeias de fornecedores brasileiros, cheios de lacunas e falhas, que precisam ser bastante aprimorados. Ademais, ele considera que a crescente presença chinesa na Amazônia é o retrato de uma região mais integrada à economia global, sobretudo por meio da extração de seus recursos naturais, e tendo na Ásia o principal mercado externo para muitas de suas principais commodities. Fonte: Idem.