China Perdoa 23 Dívidas de 17 Países da África

NOTÍCIA – O Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, anunciou, no dia 23 de agosto de 2022, que o país irá perdoar 23 empréstimos sem juros, com vencimento até o final de 2021, feitos a 17 países africanos. O Ministério não informou os valores das dívidas, mas disse que dará um apoio de US$ 10 bilhões às nações africanas por meio de reservas do Fundo Monetário internacional (FMI). Wang Yi também informou que continuará a apoiar os países da África na melhora de suas condições de infraestrutura por meio de projetos de financiamento, investimento e assistência. Críticos defendem que as concessões fazem parte de uma “diplomacia de armadilha de dívida”, pois assim a China teria uma maneira de assegurar suas estratégias internacionais. Fonte: Poder360.

 

COMENTÁRIO – Dias antes, em 19 de agosto de 2022, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, já havia dito que a chamada "armadilha da dívida chinesa" era uma mentira, uma alegação "simplesmente insustentável". Wang disse que os países em desenvolvimento tomam empréstimos principalmente de credores comerciais ocidentais e multilaterais. De acordo com as estatísticas da dívida Internacional do Banco Mundial, até o final de 2020, os credores comerciais e multilaterais respondiam por 40% e 34%, respectivamente, da dívida externa pública de 82 países de renda baixa e média-baixa. Os credores oficiais bilaterais assumiram 26% e a China, menos de 10%, disse Wang. Uma pesquisa da Eurodad sobre 31 países endividados importantes descobriu que 95% dos títulos soberanos dos países eram detidos por instituições financeiras ocidentais, disse Wang. De acordo com estimativas do Banco Mundial, os países de renda baixa e média-baixa têm que fazer US$ 940 bilhões em amortizações de principal e juros nos próximos sete anos, incluindo US$ 356,6 bilhões para credores comerciais ocidentais e US$ 273 bilhões para instituições multilaterais, 67% do total de pagamentos devidos. Apenas 14% de seus pagamentos totais, ou US$ 130,8 bilhões, irão para o governo e instituições comerciais da China. Tome-se a África como exemplo: de acordo com as estimativas da Debt Justice do Reino Unido com base em dados do Banco Mundial, as taxas de juros dos empréstimos oficiais e comerciais da China a países africanos são inferiores à taxa de juros (de 5%) dos empréstimos comerciais de outros países. São também muito inferiores às taxas de juro (de 4%-10%) das obrigações governamentais a 10 anos, de acordo com os números divulgados pelo Banco Africano de Desenvolvimento. Além disso, os empréstimos soberanos concedidos pela China vêm com uma taxa de juros fixa, enquanto os credores comerciais ocidentais costumam aplicar taxas de juros flutuantes. À medida que o dólar americano entra em seu ciclo de alta da taxa, os países devedores enfrentam uma pressão crescente sobre o pagamento, disse Wang. O porta-voz apontou que é muito mais caro tomar emprestado de credores comerciais ocidentais do que da China, bem como que os credores comerciais ocidentais e as instituições multilaterais estão ausentes do esforço global de alívio da dívida e suspensão de serviços. Fonte: Xinhua.