China Ocupa Espaço que Era do Brasil na Argentina

NOTÍCIA – O Brasil perdeu, de forma inquestionável, o posto histórico de maior país exportador à Argentina. Após empate técnico em 2020, a China ultrapassou em mais de um bilhão de dólares as vendas brasileiras aos argentinos em 2021. O feito do país asiático é inédito em bases anuais, segundo série de dados desde 2002 do governo argentino. Com total de US$ 13,5 bilhões embarcados no ano passado à Argentina, os chineses apertaram o ritmo das exportações e ficaram com 21,4% das compras externas argentinas em 2021, um claro avanço se comparado com os 14,3% que deteve em 2011. Com embarques de US$ 12,4 bilhões correspondentes a 19,6% de fatia na importação argentina em 2021, o Brasil levou um tombo na última década – em 2011, o país detinha 30% das compras externas do sócio do Mercosul. Fonte: Valor Econômico.

 

COMENTÁRIO – Segundo especialistas, os chineses chegaram para ficar no primeiro lugar do ranking de fornecedores à Argentina. Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), essa "é uma realidade com a qual precisamos nos acostumar. Achávamos que a Argentina era um mercado cativo, mas isso mostra que não é verdade. E a China manterá seu esforço de ganhar mercados, sejam em locais próximos ou distantes geograficamente". Welber Barral, consultor e sócio da BMJ, afirma que se imaginava "que a Tarifa Externa Comum (TEC) poderia criar uma proteção para o comércio intrabloco, mas isso não foi o suficiente", referindo-se ao conjunto de tarifas cobradas quando um país do Mercado Comum do Sul (Mercosul) importa produtos de locais de fora do bloco. Por sua vez, Livio Ribeiro, pesquisador do FGV Ibre e sócio da consultoria BRCG, destaca que "a China avança na provisão de bens industriais para a América Latina como um todo desde meados dos anos 2000, e, na última década, os manufaturados chineses invadiram a região. É difícil enxergar um cenário no qual o espaço que ela ocupa não aumente. Neste momento, não imagino algo que levaria a uma estagnação da penetração chinesa", o que mostra que a China é mais competitiva que o Brasil. Fonte: Idem.